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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Rock Latino Americano: Tijuana No!


Contra o sistema de corpo e alma. Essa é a essência do Tijuana No!, banda mexicana da cidade de mesmo nome e que pode ser conhecida por muitos por ter contado com a participação de Julieta Venegas nos seu, digamos, período embrionário. O grupo, que terminou em 2002, nasceu em 1990 e já trazia no nome a contestação. Surgiu como No, até que os integrantes descobriram que já existia um conjunto de mesmo nome. Mudaram para No de Tijuana, mas logo depois adotaram a alcunha de Tijuana No!, com direito à exclamação. Uma forma de embasar, talvez, suas letras carregadas de ataques políticos e sociais.

Miséria, corrupção, desigualdade social, racismo e as políticas de imigração no vizinho do norte. Tudo isso e um pouco mais recebeu o som de ritmos que vão do ska e do reggae a punk rock e com pitadas de sons indígenas e latinos. Uma verdadeira salada de ritmos temperada com letras ácidas. Alguém mais desavisado pode até achar que o grupo se parece com o Manu Chao. E, realmente, o Tijuana No! não apenas compartilha a visão política e crítica do cantor francês, como o ex-Mano Negra fez participações em algumas gravações e apresentações da banda.

Como em “Transgressores de La Ley”, que pode ser visto em um vídeo bem “caseiro” no You Tube (veja aqui). Nele, se vê uma bandeira do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), grupo que iniciou um movimento guerrilheiro em Chiapas, em 1994, e que tem forte presença no sul do México, uma das regiões mais esquecidas pelas autoridades do país. Assim como o Manu Chao, o Tijuana No! declara abertamente o seu apoio ao grupo. Em certas gravações, inclusive, há mensagens embutidas do Subcomandante Marcos, líder do movimento. A música pode ser melhor entendida em um clipe também no You Tube (veja aqui).

A simpatia explícita por movimentos políticos e sociais de cunho revolucionário pode ter custado portas ao Tijuana No!. Mas o aspecto marginal e caseiro de suas produções em vídeo, por exemplo, é o grande barato do grupo. E sugerem que a banda era pouca afeita a holofotes e fama superficial. Preferia mesmo fazer shows e expressar suas visões, seus descontentamentos e as veias abertas do seu país. Tanto que é preciso garimpar suas músicas através de vídeos na internet. Não existe página oficial da banda (ou eu não tive expertize suficiente para encontrá-la). Há um tímido espaço no My Space (myspace.com/tijuanano) e uma página não oficial no Facebook (/Tijuana-No-official-band-page).

Quem tiver paciência para garimpar vai encontrar canções viscerais comandadas por Paola Tellez (voz), Luis Güereña (voz e percussão), Teca García (voz, percussão e flautas), Jorge Velazquez (baixo), Jorge Jímenez (guitarra), Alejandro Zuñiga (bateria), Dardin Coria (teclados), além do DJ Tijuas nas carrapetas. Como “Niños de La Calle”, do segundo álbum, “NO”, de uma gravadora independente, que . Ainda no CD, de 1993, “Cowboys Asesinos” é uma divertida crítica aos estadunidenses. “Si”, por sua vez, é um rock que começa despretencioso e com as indefectíveis flautas indígenas latinas. Já “Fiesta de Barrio” (com participação novamente de Manu Chao) exalta o bom e velho reggae.

Pobre de Ti” foi o primeiro grande sucesso e faz parte do terceiro álbum, “Transgressores de La Ley” (da mesma música falada acima), de 1994. A canção pode ser conferida em uma apresentação ao vivo no Festival Vive Latino em http://www.youtube.com/watch?v=XB4GyFcDLGc, que conta até com a participação de Julieta Venegas grávida. O show é de 2010? Bem, os integrantes ainda se reúnem esporadicamente para prestar homenagem ao vocalista, percusionista e líder da banda Luiz Güereña, que morreu em 2004.

Sons imperdíveis deste CD são “Spanish Bombs” e “Borregos Kamikazes”, este mais uma vez com participação de Manu Chao. O cantor basco Fermin Muguruza, autor de letras fortes de punk rock e simpatizante do movimento separatista basco ETA (Pátria Basca e Liberdade, na tradução do basco para o português), participa das faixas “La Esquina del Mundo” e “Pobre Frida”.


Em “Contra Revolución Avenue”, de 1998, Muguruza também participa de “Renace La Montana”. Já no “Rock del Milenio” (1999), o Tijuana No! traz “La Migra”, mais um venenoso e divertido deboche em torno da questão da imigração. O início da canção sugere uma situação de mexicanos tentando atravessar a fronteira até serem interpelados por um truculento policial dos EUA, que fala um espanhol atravessado na gravação original: “Hey mecsicanos, no moverse pa tras de la frontera. Nosotros no quererlos aquí en los Estados Unidos. Ustedes estar muy feos!”. A música faz parte do set list do mesmo show do Vive Latino linkado acima (veja aqui).

A “despedida” do Tijuana No! foi com um álbum ao vivo em Bilbao, em 2000, no País Basco. Um show, segundo relatos na rede, inesquecível e com a pegada ácida de sempre. Uma crítica que serve como grito para muitos mexicanos e outros povos e que realçam o caráter peculiar de muitas bandas de rock latino americanas. As veias abertas podem e ainda são cantadas no continente.

Fotos: Divulgação

terça-feira, 29 de março de 2011

Carro nacional: passou da hora

Em um mundo totalmente globalizado e interligado, onde um veículo pode ter componentes dos cinco continentes do mundo, seria utópico falar em carro 100% nacional. Só que neste mesmo mundo de transformações econômicas e de novos países alçados ao posto de potências comerciais, o Brasil carece não de um carro nacional, mas de uma marca genuinamente brasileira. Muitos projetos ficaram para trás, como Gurgel e JPX, e o mais recente, a Troller, além de bem segmentado, está nas mãos da Ford. Ou seja, o Brasil é o único país do Bric (grupo de mercados emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia e China) que não possui uma marca própria de automóveis.

O que me lembra uma frase de um entrevistado, à qual sempre gosto de citar e recorrer. Luiz Carlos Mello, ex-presidente da Autolatina e consultor do Centro de Estudos Automotivos (CEA), costuma dizer, com propriedade: “Temos uma indústria brasileira, mas não uma indústria automobilística nacional de fato”. É verdade que o executivo refere-se muito à flexibilidade para as filiais instaladas aqui exportarem para onde bem quiserem, mas a frase se aplica ao universo automobilístico. Uma marca nacional, com produtos de qualidade e com preços competitivos, pode ser o primeiro passo de uma transformação gradual de alguns paradigmas engessados do mercado.

Peculiaridades brasileiras já existem no cenário automotivo. Afinal, diversas marcas criaram carros e segmentos específicos para o mercado verde e amarelo. Pode-se dizer que sedãs, stations wagons e pick-ups compactas foram invencionices brasileiras. Até mesmo derivações sedãs de modelos médios são muito populares aqui – e também no Mercosul e na China, mas não têm qualquer força na Europa.

Muitas montadoras também aprenderam a lidar com o Brasil. A Renault é o exemplo recente mais emblemático. O Sandero foi o primeiro produto desenvolvido pela marca francesa fora da Europa. Hoje, é o carro mais vendido da montadora no Brasil. A Renault nada mais fez do que seguir a receita das quatro grandes fabricantes instaladas aqui, que há décadas desenvolvem modelos ou configurações específicas para o mercado nacional.

Mas e uma marca brasileira? João Augusto Conrado do Amaral Gurgel tentou com uma montadora que levava seu nome e com carros considerados, por muitos, revolucionários. A história diz que esbarrou em problemas de faltas de incentivos governamentais e pressão da concorrência. Eike Batista também tentou com a marca de jipes JPX, mas também não conseguiu dar prosseguimento devido a problemas com fornecedores e à falta de experiência da rede de concessionários.

O próprio empresário, contudo, em entrevista à Globo News, confirmou o intuito de desenvolver um veículo de uma marca nacional. Na ocasião, Eike disse que uma grande montadora ofereceu uma plataforma e a partir de uma equipe de engenheiros e designers brasileiros e com fornecimento de aço de duas siderúrgicas, é possível fazer um carro brasileiro. “Estamos com a auto estima no lugar certo e com base tecnológica, uma combinação explosiva e feliz”, comentou no programa “Conta Corrente”. Eike, inclusive, no ano passado já tinha revelado planos de investir US$ 1 bilhão para a fabricação de um carro elétrico na região do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), e ainda estaria em negociações com a Nissan.

Realmente o momento não poderia ser mais propício. Em 2010, o Brasil foi o quarto maior mercado de veículos do mundo. Temos 12 marcas diferentes com fábricas aqui, planos de expansão e projetos de novas unidades, como as da Toyota e da Hyundai. Só as chamadas quatro grandes – Fiat, Ford, General Motors e Volkswagen – vão investir mais de R$ 20 bilhões até 2015. As filiais remeteram nada menos que US$ 4 bilhões em lucros para as matrizes no ano passado e a projeção da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é que daqui a quatro anos o mercado interno absorva 6 milhões de unidades.

O panorama é positivo, a economia vai muito bem, o poder aquisitivo aumenta e o mercado de automóveis bate recordes. Passou da hora de uma marca brasileira. Quem se habilita?

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terça-feira, 1 de março de 2011

Rock Latino Americano: Aterciopelados


Essa eu e minha mulher descobrimos enquanto descíamos as sinuosas estradinhas do Cañon del Chicamocha, um visual estonteante de cânions no coração da Colômbia. Tínhamos acabado de deixar as históricas e simpáticas Villa de Neyva e Barichara e estávamos rumo ao litoral caribenho colombiano quando sintonizamos mal e porcamente uma estação de rádio que tocava esta banda, que, provavelmente, muita gente já conhece (mas que eu, na minha ignorância musical, desconhecia). O Aterciopelados prepara o seu oitavo álbum, tem vários prêmios Grammy nas costas e os aficionados por games provavelmente já escutaram “Paces” no Fifa Soccer 2008. Em 2006, foi considerado pela revista estadunidense “Time” como o terceiro melhor grupo musical do mundo. Só que o fato mais emblemático desta dupla colombiana é que uma de suas músicas, “Cancion Protesta”, foi escolhida como o Hino dos Direitos Humanos pela Anistia Internacional (AI), cujo clipe é encontrado facilmente no You Tube (veja aqui).

A escolha da bela melodia dos Aterciopelados para ser o tema da AI é mais do que coerente. O grupo (ou dupla) sempre se caracterizou por evidenciar suas letras críticas. Antes mesmo de cantarem “Contra los talabosques/Contra los armaguerras/Contra los cazapatos/Contra los bajanota/Suena otra canción protesta/Pero no la llamen terrorista/No es que sea antipatriota/Es que trae otro punto de vista”, Andrea Echeverri e o baixista Héctor Buitrago já tinham cutucado o sistema com outras músicas. “Colombia Conexión”, “Bandera” e “Quemarropa” vêm carregadas de críticas políticas e sociais, enquanto “Caribe Atômico” faz questionamentos ambientais, que se tornaram uma vertente do Aterciopelados.


O engajamento se confunde com a própria dupla. No lançamento do último CD “Rio”, de 2008, com a música “Treboles”, o Aterciopelados promoveu um evento chamado “Ninguna Mata, Mata”, com ciclos de palestras, meditações, exposições, vídeos, grupos de canto, entre outras ações que tiveram como tema o meio ambiente. No site da dupla (www.aterciopelados.com) há um vídeo experimental sobre um “Green Man” e outros links sobre questões sociais e “verdes”, como o “Canto al Água” e até a íntegra de uma decisão judicial sobre “La Mata que Mata”, uma campanha publicitária do Ministerio de Interior y Justicia y a la Dirección Nacional de Estupefacientes da Colômbia, considerada ofensiva e prejudicial aos direitos individuais de uma índia Nasa, que é responsável pela Coca Nasa, bebida à base da planta de coca.

Essa preocupação social dita a carreira do Aterciopelados desde seu início. O conjunto surgiu em 1990, sob a alcunha de Delia y los Aminoácidos. Dois anos mais tarde adotou o nome atual. O lançamento do primeiro álbum “Con el Corazón en la Mano” aconteceu em 1994. Foi o segundo CD, contudo, que evidenciou a banda. “El Dorado”, de 1995, vendeu mais de um milhão de cópias (600 mil fora da Colômbia) e trouxe canções como “Florecita Rockera”, “La Estaca”, “Candela” e “Bolero Falaz”, música que ganhou projeção na MTV Latina. Andréa Echeverri ainda participou do disco “Umplugged”, do Soda Stereo (grupo argentino que também vai figurar na série sobre Rock Latino Americano deste blog, em breve), e da faixa "Tudo Vai Ficar Bem", dos brasileiros do Pato Fu.


Outros discos vieram e depois de trabalhos solo de cada um dos protagonistas da banda, lançaram “Oye”, em 2006. “Cancion Protesta” faz parte deste álbum, que ainda conta com a excelente e ácida “Don Dinero”, uma crítica clara ao consumismo desenfreado e ao imperialismo das grandes potências. O Grammy Latino veio neste CD, considerado o Melhor Álbum de Música Alternativa. As turnês pelas Américas e pela Europa tomaram a agenda da dupla.

O Aterciopelados, aliás, é considerado um grupo de rock alternativo, adjetivo que, na minha humildíssima opinião, inventam para rotular toda banda que busca outros ritmos, como muitas que vou falar nessa série sobre Rock Latino Americano. É verdade que o álbum “Caribe Atômico”, de 1998, tem um lado “alternativo” bastante evidente e uma pegada eletrônica interessante, tanto que rendeu ao grupo outro Grammy, desta vez de Melhor Álbum de Rock Alternativo Latino.


O fato é que a dupla colombiana em questão não foge de suas raízes latinas. Nem mesmo em seu figurino, onde os dois usam e abusam de vestimentas indígenas e tradicionais da Colômbia. Além disso, o Aterciopelados usa de toques de rumba e salsa em muitas de suas canções, como “El Álbum” e “La Colpable”. A faceta rock fica evidente em músicas como “La Estaca” e “Florecita Rockera”. Também busca ritmos indígenas em “Dia Paranormal”, pitadas claramente pop em “No Necesito”, “Treboles” e “Rio” e até um passeio pelo tango em “Maligno”.
Muitas destas canções relacionadas podem ser escutadas no My Space oficial do grupo (myspace.com/aterciopelados). No site da dupla também é possível escutar outras, entre elas “Ataque de Risa”. Tem mais deles no Facebook (facebook.com/aterciopelados) e é possível segui-los no Twitter (@aterciopelados). Boas maneiras de conhecer melhor a banda, suas músicas e suas ações engajadas, que sempre merecem reflexão. Seja no Cañon del Chicamocha ou deitado no chão da sala.

Fotos: Site oficial do Aterciopelados

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ei, você aí! Me dá um transporte aí!

Sempre que há um evento no Rio de Janeiro, as autoridades públicas batem na tecla da mesma ladainha: “deixem o carro em casa”. Seja para um jogo de futebol mais importante, por conta de um show musical mais impactante, ou para o Carnaval, cujos cartazes para utilizar táxi, metrô, trens e ônibus, aliás, estão espalhados pela cidade. Linda esta iniciativa da Prefeitura. Se houvesse reciprocidade. Se o município oferecesse ao cidadão transporte público decente ou transporte de massa.

Principalmente transporte de massa, que inexiste no Rio de Janeiro e em outras grandes cidades do País. Há uma peculiar diferença entre transporte de massa e transporte público. O de massa é aquele que acomoda e leva um grande volume de pessoas, como trens, metrôs e barcas, essencial para a mobilidade nas metrópoles. O transporte público é o feito por ônibus, por exemplo. Pois bem, nenhum dos dois funciona no Rio de Janeiro. O transporte de massa é pífio, falho, de má qualidade, assim como o transporte público. E, mesmo assim, a autoridade pública reprime cada vez mais o uso de carros e quer que o folião, no Carnaval, fique à mercê do transporte que não tem nada de público.

Sou contra essa quantidade exagerada de carros nas ruas, mas eles são o reflexo do descaso de décadas para com o transporte na Cidade Maravilhosa. Foco no Rio porque faz parte do meu cotidiano, mas é nítido que São Paulo e muitas capitais brasileiras sofrem do mesmo mal. Alguém acha mesmo que o sujeito prefere ficar duas horas no engarrafamento se tivesse um metrô abrangente, pontual e de boa qualidade? Ou se pudesse usar um trem limpo, pontual onde não levasse chibatadas de seguranças?

A questão é que o transporte está lá, mas não funciona. Os intervalos entre uma composição e outra do Metrô Rio, por exemplo, são, em média, de 5,30 minutos. O erro já começa pelo contrato de concessão, aliás. Estabelecido em dezembro de 2007, o documento prevê que o intervalo deve ser de 4, 45 minutos na Linha 1 e de 6,30 segundos, na Linha 2. Detalhe, estabeleceram intervalos maiores justamente para a linha mais procurada, que liga a Pavuna e a Baixada Fluminense (onde o transporte público é ainda mais falho) ao Centro e à Zona Sul. E como assim 4,45 minutos? O metrô de Paris, muito mais complexo e ramificado que o carioca, tem intervalos de 1,30 minutos durante os horários de pico.

Todos os engenheiros de tráfego e especialistas em trânsito com quem já falei em entrevistas são unânimes: o metrô, para ser eficiente, tem de ter, no máximo, um intervalo de 2,30 minutos. O resultado deste hiato de mais de 5 minutos todo mundo conhece. Vagões cheios a qualquer hora do dia, independentemente dos horários de pico, momentos em que os vagões, aí, ficam abarrotados. E, ironicamente, o Metrô do Rio conseguiu piorar depois de privatizado. Nos anos 80, os intervalos eram abaixo de 2,30 minutos. Hoje, o intervalo mais que dobrou. Só que a população do Grande Rio e o número de usuários do sistema de transporte também dobrou.

Os trens, nem se fala. Quando o Engenhão foi idealizado ressaltaram sua praticidade pelo fato de a estação do Engenho de Dentro praticamente desembocar na porta do estádio. Pois bem, pegar o trem após uma partida com cerca de 20 mil presentes (que é menos da metade da capacidade do local) é uma aventura. Filas intermináveis, engarrafamento de gente nas passarelas e escadas de acesso à estação, confusão. Isso sem contar os vagões podres e abafados, os generosos e perigosos vãos entre a plataforma e o veículo e os enguiços frequentes na linha férrea.

Barcas e ônibus, bem, esses dispensam comentários sobre o desserviço que prestam à população. Motoristas sobrecarregados, mal-pagos e mal preparados. Veículos sem manutenção decente e sempre lotados nas horas de maior fluxo. Esse é o panorama de grande parte das linhas regulares de ônibus do Rio de Janeiro. Com as Barcas SA, intervalos enormes entre uma embarcação e outra, catamarãs à deriva na Baía de Guanabara, atrasos constantes.

E a autoridade pública quer porque quer que o cidadão se divirta com esses transportes que tratam a população como gado. Mas trata a pão de ló as concessionárias que os administram. Com todo o péssimo serviço e o achincalhe ao usuário, não se vê qualquer repressão por parte do Estado às concessionárias. Pelo contrário: as concessões do Metrô Rio, da SuperVia e das Barcas SA foram prorrogadas por mais de 25 anos cada. Para o governador, prefeito, deputados e vereadores tudo corre bem a bordo de seus confortáveis carros, helicópteros e jatinhos. Jamais devem ter pisado em um trem, metrô ou barca.

Agora, se a população se revolta, logo uma figura da esfera pública se apressa em taxar as pessoas como vândalas. Esquecem do genial Bertolt Brecht: “Falam das águas violentas de um rio, mas se esquecem das margens que a oprimem”. E, assim, nos tornamos cariocas, brasileiros. Atrás do próximo bloco carnavalesco, com o samba atravessado em um vagão ou correndo atrás de um ônibus.

Foto: Paulo Alvadia/Agência O Dia

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Que carro eu compro?

Quem trabalha ou já trabalhou na área automotiva já ouviu esta pergunta pelo menos uma dúzia de vezes. E uma dúzia de vezes deve ter ficado reticente em dar uma resposta. Automóvel no Brasil é muito pessoal. É como dar de presente perfume ou livro. A pessoa se identifica com um carro como se fosse a extensão de sua personalidade - claro, sempre de acordo com a sua conta bancária.

Mesmo assim, o interessado questiona como se quisesse um alvará para comprar o carro que, na verdade, ele deseja. Afinal, sempre depois da pergunta que dá nome ao título deste post, o potencial cliente automotivo emenda: "Mas o que você acha de carro tal?". No fundo, ele já está de olho nesse carro tal.

A motivação principal de um comprador de carro no Brasil geralmente é o design. As pesquisas e levantamentos dos departamentos de marketing das montadoras não deixam dúvidas: o desenho do carro é o principal motivo de compra de 60% a 80% dos consumidores, índices que variam de modelo para modelo e de marca para marca.

Claro que há uma dose de racionalidade. A pessoa pode optar pela minivan "bonitinha" porque lhe oferece mais espaço, ou pode preferir aquele sedã '"jeitosinho" devido ao porta-malas vantajoso. Mas na maioria das vezes tem de ter esses adjetivos destacados que agradam mais aos olhos do que proprimente à praticidade.

E ao cobrir a área, tem de se tomar cuidado justamente com a visão do consumidor. Nem sempre o que é importante para jornalistas automotivos é o que pesa mais para o cliente que vai à revenda em busca de um carro. Por mais que se critique que o automóvel A é apertado, que o carro B usa uma plataforma defasada ou que o veículo C não tem boa estabilidade, se o consumidor gostou do carro e percebeu que ele atende às suas necessidades, vai ficar com o A, o B ou o C.

O que não significa que o jornalismo automotivo seja inútil. Pelo contrário. Ele ajuda a elucidar vários pontos da indústria automobilística e dos veículos. E tem claro poder de influência na decisão de compra - em média, as matérias estimulam cerca de 30% dos clientes que vão à concessionária. Mas mesmo que a reportagem "descasque" um carro, um único elogio que apareça vai funcionar como aval para o leitor comprar o carro que ele acredita que atende aos seus anseios. Por mais que a gente diga que há outras opções "melhores".

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Rock Latino Americano: Las Pastillas del Abuelo


A primeira vez que ouvi esta banda argentina se deu em uma situação inusitada. Foi entre o Natal e o Reveillon de 2009. Eu e minha mulher estávamos em Buenos Aires e tínhamos acabado de retornar de Rosario. Resolvemos dar umas voltas pelo centro da capital argentina e quando estávamos em umas ruas próximas à Plaza de Mayo, ouvimos um som alto que mesclava música com gritos de ordem. Na curiosidade inerente ao casal, apertamos o passo para entender o que se passava. Avistamos a principal e emblemática praça argentina repleta de pessoas dos mais diferentes gêneros. Garotada descolada, hipongas, jovens com cartazes, outros com bandeiras, senhores de boina, alguns de terno, muitas camisas do Che para lá e para cá e ambulantes vendendo camisetas e CDs. Um palanque improvisado revezava grupos de rock com discursos. Era um protesto de movimentos sociais contra a truculência e violência policial, acusada de desaparecimentos e assassinatos durante os inflamados testemunhos de parentes e políticos. Pelo visto, os Esquadrões da Morte que aterrorizaram a Argentina durante a feroz Ditadura Militar dos anos 1970 continua ativa.

Pois bem, uma sequência de músicas me chamou a atenção e perguntei a um estudante ao meu lado de quem se tratava. Obviamente, não entendi uma sílaba sequer vinda daquele ser que tentava se equilibrar nas próprias pernas já abaladas por muitas doses de vodka. Fomos salvos por uma vendedora de bebidas, que explicou que a banda em questão era Las Pastillas del Abuelo. Não sei se eram os próprios no palco ou era um cover e também ninguém conseguiu decifrar minha dúvida. Mas o som me soou interessante, assim como o próprio nome da banda, que quer dizer algo como "As pílulas do vovô" ou "Os remédios do vovô". Percebi depois que os ambulantes vendiam muitas camisas do grupo - e de outros os quais anotei o nome em um pedacinho de jornal para depois garimpar e pesquisar nas lojas da cidade e na internet.

Depois de curtir mais de uma hora de show e uma diversidade de bandas, eu e minha mulher voltamos ao hotel com a ideia fixa na cabeça de no dia seguinte explorar as "novas bandas" na primeira loja de música que encontrasse na Florida. E a primeira na pauta seria, sem dúvida, Las Pastillas del Abuelo. Acabei comprando o primeiro disco – "Por Colectora" –, gravado em 2005 pelo conjunto que se formou três anos antes. E me dei conta, pela quantidade de camisas que eram vendidas na manifestação do dia anterior e pelo certo destaque no mostrador de CDs, que trata-se de uma banda bastante popular na Argentina. Comentam, inclusive, que é a de maior sucesso da Argentina desde a tragédia de República Cromañón.

Aqui, uma pequena pausa. Esse fato é considerado o momento mais triste e emblemático da história do RNA – Rock Nacional Argentino. Em 30 de dezembro de 2004, durante um show do grupo Callejeros, um incêndo na casa noturna República Cromañón matou 193 pessoas e deixou mais de 1.400 feridos. Um acontecimento que teve reflexos sociais, culturais e políticos. Quatro anos depois, o dono da casa, o ex-subcomissário de polícia e o ex-empresário dos Callejeros foram condenados a mais de 18 anos de prisão cada.

De volta ao pessoal das pílulas do vovô. CD no carro, a primeira coisa que me chamou a atenção no conjunto foi a voz bastante marcante e grave do vocalista Juan G. Fernández, o Piti. É ele quem conduz um repertório que mescla rock com pitadas de ritmos bem peculiares, como a Chacacera, dança típica do norte da Argentina cantada por índios – sim, na Argentina há índios, felizmente, como em Jujuy, onde um desavisado pode pensar que está na Bolívia. Essa "influência" pode ser percebida em "Perdido", do primeiro CD. Outra mistureba de rock com as raízes sulamericanas no álbum de estreia é "Saber Cuando Parar", com a batida do Candombe. Trata-se de um ritmo trazido por escravos entre os séculos 18 e 19 que se perpetuou principalmente no Uruguai. Ainda em "Por Colectora", "Cubano" traz uma introdução que remete a Buena Vista Social Clube e Santana. Mas também há uma boa dose de reggae em algumas músicas, como "Loco por Volverte a Ver".

As letras de Las Pastillas são carregadas de temas como amor e coisas do cotidiano, como "Contra Viento y Marea" e "Cerveza", só para citar algumas. Nas canções, é comum encontrar palavras de impacto, versos que falam de sexo, muitos palavrões sem qualquer gratuidade e algumas cutucadas sociais, como em "Donde Esconder Tantas Manos" e em "Por un Peso con Cincuenta". Uma das mais famosas é "El Sensei", uma balada acústica, mas há uma infinidade de canções interessantes para pesquisar e curtir. No My Space oficial da banda (www.myspace.com/pastillasdelabuelooficial) é possível ter uma canja de várias delas, como "Oportunistas - ¿Vivo en Cual Es?", "¿Que vicios tengo?", entre outras. No site oficial do grupo (www.pastillasdelabuelo.com.ar) também é possível saber mais sobre músicas e baixar canções em MP3 do último CD "Crisis", de 2008 – em 2006 eles lançaram o segundo disco, que leva o nome da banda, e agora preparam o próximo álbum "Versiones". Obviamente, eles também estão no Facebook (laspastillasdelabuelooficial) e no Twitter (twitter.com/#!/delabuelo).

A página oficial da internet, aliás, merece atenção. Visualmente causa estranheza e passa simplicidade, mas possui links para comprar músicas do Las Pastillas pelo iTunes. Também traz uma agenda de shows atualizada, fotos de apresentações, clipes e até uma lista linkável de bandas e músicas amigas. A descrição da banda no site é a parte mais divertida. Cada componente é classificado como um remédio – nem sempre para problemas nobres. Piti, por exemplo, é a pílula para disfunções eréteis. O guitarrista Diego Bozzalla é o remédio para a memória e o também guitarrista Fernando Vecchio é a receita para reumatismo. Já para o tecladista Alejandro Mondelo sobrou ser o remédio para a próstata e coube ao baixista Santi Bogisich ser a solução para pisão de ventre. Por fim, o baterista Juan Comas é a pílula para incontinência urinária e o saxofonista Joel Barbeito é a solução para manchas na pele. Se são hipcondríacos, não consegui descobrir. O fato é que essa turma de "remedinhos" deve ter a receita para lotar um estádio como o do Ferrocarril Oeste em um show que reuniu mais de 15 mil pessoas. Vídeos da apresentação tem aos montes no You Tube .

Semana que vem tem mais sobre alguma banda do cenário roqueiro latino americano!

Fotos: Site oficial do Las Pastillas del Abuelo

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um oásis no marasmo crônico esportivo


Escrevi dois posts atrás sobre a chatice que está o futebol. Uma chatice que se replica em outras esferas que envolvem o esporte, como mesas redondas, debates esportivos e programas de rádio ou TV. São formatos que, mesmo involuntariamente, caem na mesmice e no previsível, com algumas poucas exceções. E uma grata exceção é o "Rock Bola", que exatamente hoje completa nove anos de vida. Para quem não é do Rio, trata-se de um programa de rádio veiculado pela Oi FM - mas também disponível na internet no site da emissora (www.oifm.com.br).

Irreverente pela própria natureza, a produção reúne um representante de cada time grande carioca para debaterem como se fossem torcedores em uma mesa de bar. Despojados e irônicos, fogem (felizmente!) da chatice do policitacemente correto. Não têm qualquer preocupação com formalidades - nem mesmo na hora dos anunciantes - e o melhor: o âncora Alexandre Araújo, Toni Platão (Flu), Waguinho (Vasco), Tavares (Fla), Lopes Maravilha (Botafogo) e o repórter BB Monstro não se levam extremamente a sérios como a maioria dos cronistas esportivos – não estou dizendo que eles não são sérios, me refiro ao contexto do programa (olha eu agora como um chato politicamente correto).

Me lembro a primeira vez que ouvi o "Rock Bola", acho que lá por 2002. Era na extinta Rádio Cidade (mesmo dial da Oi FM atualmente) e tinha Escobar como âncora (que levou seu bom humor, improviso e irreverência de forma brilhante para a TV Globo, na minha singela opinião) e Ivo Meireles como comentarista do Fla. Me recordo bem que estava em um estacionamento de supermercado à espera da minha mãe quando escutei pela primeira vez o programa e dei muitas gargalhadas. Parecia um doido dentro do carro. E pensei na hora: "Caramba, é isso. O torcedor quer isso, se identifica com isso". Achei genial. Hoje eles têm um espetáculo, o "Talk Show de Bola", em cartaz no Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, além de um site (www.rockbola.com.br).

Durante esses nove anos ouvi muita gente comentar que o formato do "Rock Bola" se parecia muito com o "Rock Gol", da MTV. Pode ser, mas acho que o programa de TV não tinha a mesma dose de irreverência e do politicamente incorreto. Muitos também apostaram que o programa não ia se sustentar nem durar. Com o fim da Rádio Cidade, ficarem um tempo fora do ar, chegaram a fazer o programa na FM O Dia, mas encontraram novamente seu lugar na Oi FM. Eu como ouvinte quase assíduo desses nove anos posso dizer que os caras não perderam a mão, se reinventam e continuam comentando futebol com um enfoque que cativa o torcedor, que diverte, que anima, que provoca o rival. Pois esse é o espírito do futebol. Parabéns ao "Rock Bola". E que os programas de rádio e de TV esportivos incorporem um pouco desse jeito mais "jocoso", como diria Lopes Maravilha.

Foto: Site do "Rock Bola"

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Rock Latino Americano – Muito além do idioma


Antes de mais nada, quero deixar claro que não sou músico, tampouco crítico de música ou jornalista especializado em música. Meu gosto musical, aliás, é bem preguiçoso, restrito, um pouco eclético, mas bastante seletista, do tipo que não ouve determinado ritmo nem que seja pago para isso. Só que as andanças a trabalho ou a passeio por países da América do Sul despertaram uma curiosidade sobre o rock cantado em espanhol nos nossos "vizinhos" – alguns próximos, outros nem tanto.

É notória uma barreira cultural entre o Brasil e os demais latino-americanos. Uma barreira construída pela língua, naturalmente. É verdade que na literatura temos diversos autores geniais traduzidos para o português, como Eduardo Galeano, Mario Vargas Llosa, García Marquez, Mario Benediti, entre outros. Mas com a música não há tradução e só absorvemos praticamente o rock cantado em inglês. O Manu Chao pode ser até uma exceção. Apesar de ser francês, ele traz em suas canções, além do protesto e das críticas sociais e políticas diretas, uma latinidade autêntica. Assim como uma mistura de ritmos envolventes, entre eles o rock.

Foi o Manu Chao, aliás, quem despertou meu ouvido para ritmos latinos que fugissem dos gêneros tradicionais de cada país. Influência direta da minha mulher, fã do cantor, apesar de eu ter assistido a um show dele acho que no Circo Voador alguns anos atrás. Pois bem, passei a garimpar, em cada viagem, grupos de rock nativos. Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai. Em todos esses lugares sintonizo estações e vou a lojas de discos garimpar e conhecer as propostas de rock cantado em espanhol. Depois, foi a vez de passear pela bendita internet para ir além e pesquisar outras bandas do gênero no México, Peru, Equador, Venezuela e em outros países.

E a Internet é a grande aliada nessas minhas aventuras musicais leigas pelo rock latino-americano. Graças a ela que vou fazer uma espécie de série aqui no blog para falar de algumas bandas interessantes que encontrei no mundo virtual. Hoje começarei pelo México, país com vários grupos dos mais diferentes gêneros. Mas reafirmando que minha "análise" de bandas, comentários e históricos serão bem sutis e sem quaisquer pretensões de analisar profundamente as tendências ou ritmos empregados pelas bandas.

Ou seja, nada de discografias extensas e análises conjunturais. Até porque, em meia hora de navegação na internet pode-se descobrir muito sobre qualquer banda do planeta. São posts apenas que gostaria de compartilhar e mostrar que há rock além da pronúncia inglesa. E muito mais perto do que a gente imagina.

Café Tacvba (México)

Se lê "Café Tacuba" mesmo. Na verdade, o grupo criado em 1989 é um dos mais populares na América Latina. Formada por Rubén Albarrán (voz e guitarra), Emmanuel "Meme" del Real (guitarra, piano e vocais), Joselo Rangel (guitarra e vocais) e Quique Rangel (baixo e guitarra), a banda se inspirou em um restaurante de mesmo nome no centro histórico da Cidade do México – que hoje é uma loja de café –, mas mudou a escrita para evitar problemas legais. Como a maioria dos conjuntos mexicanos de rock, várias de suas músicas têm clara influência de ritmos indígenas, muito bem utilizados em algumas canções como "Las Persianas". Mas há também referências a outros ritmos, como reggae, hip-hop, música eletrônica e ska. De modo geral, é considerada uma banda de rock alternativo. Pode ser, mas de qualquer forma se percebe diferenças de estilos variados.

Isso fica claro em músicas como "Amor Divino", "Como te Extraño Mi Amor", "Maria", "Esa Noche", "Las Flores" e "La Ingrata". Mas minhas preferidas são "Eres", "El Aparato", "Déjate Caer" e "Oye Carlos". "Avientame" é uma bela melodia voz e violão, que faz parte da trilha sonora do filme "Amores Brutos", alías, uma excelente produção mexicana dirigida por Alejandro González-Iñárritu. Eles também emplacaram "Insomnio" no longa-metragem "E sua Mãe Também", de Alfonso Cuarón.

Mas há uma infinidade de vídeos e canções do Cafe Tacvba que podem ser explorados. É possível degustar de várias canções da banda no My Space (www.myspace.com/cafetacvba). Além disso, o clipe de "Ingrata" é bastante divertido e mostra essa pluralidade do conjunto (confira esse vídeo no You Tube aqui). E logicamente eles estão no Twitter (twitter.com/#!/cafetacvba) e no Facebook (facebook.com/cafetacvbaoficial). O grupo também tem uma página oficial (www.cafetacuba.com.mx) onde tem destaque "Seguir Siendo", documentário sobre a banda, com direito a trailer e making of.

O Café Tacvba gravou nove discos, sendo que "Re", de 1994, é apontado por muitos críticos como o melhor da banda. Segundo a MTV, foi considerado um dos mais criativos álbuns dos anos 90, devido ao mix de estilos apresentados no disco. Por falar em Music Television, o grupo tem um CD/DVD "Umplugged MTV", gravado em 1995, mas lançado apenas em 2005 - nesse mesmo ano chegou ao mercado um álbum ao vivo "Un Viaje".

Semana que vem tem mais sobre algumas bandas do Rock Latino-Americano! Até lá!

Foto: Divulgação


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Chatice Futebol Clube

Certa vez em uma entrevista no "Programa do Jô", o jornalista e comentarista esportivo Paulo Vinícius Coelho explicou sua relação com o futebol de uma forma interessante. Não me recordo ao certo as palavras, mas ele disse que em determinado momento da vida percebeu que gostava mais de futebol do que do Palmeiras. Pois é, comigo – e acho que com muitas pessoas – aconteceu o inverso. De uns tempos para cá, descobri que gosto do Fluminense e não de futebol. Assim como conheço pessoas que, mesmo involuntariamente, gostam mais de seus respectivos times de coração do que realmente de futebol. Ou seja, é preciso ter uma motivação passional para que se prendam durante 90 minutos (ou mais) a uma "peleja".

Nem sempre foi assim. Já gostei de futebol. Em alguma época nem tão distante, assistia, sempre que podia, a qualquer partida. No Maraca, Laranjeiras, São Januário, Rua Bariri e até no simpático e extinto estádio do Andaraí, que ficava perto da minha casa e onde hoje funciona o Shopping Iguatemi. Pense nas partidas mais desinteressantes do mundo, eu gostava de ir. Assisti a um memorável América 1 x 2 Madureira, em Marechal Hermes, e a São Cristóvão x Bonsucesso, certa vez, no Figueira de Melo.

Hoje, confesso, não tenho paciência para o futebol. Se não existisse o "Time das três cores que traduzem tradição", provavelmente nem me daria ao trabalho de passar os olhos nas páginas de esporte, parte do jornal que eu lia primeiro quando era criança. Talvez culpa do acesso farto ao próprio futebol. Nos anos 70 e 80 (o ruim disso é que denuncio minha idade) era raríssimo alguma partida do campeonato Carioca ser transmitida ao vivo pela TV. Campeonato Brasileiro, então, mais difícil ainda. Ou se ia ao estádio ou se colava o ouvido no radinho. Hoje, tem bar que passa 10 jogos simultaneamente.

E percebo que isso tem se tornado comum. Em conversas de bar, muita gente deixa claro que só acompanha futebol por conta do clube de coração e da zoação entre amigos. Seleção Brasileira? Na Copa até se animam, talvez mais pelo pretexto para fazer aquele churrasco regado a cerveja gelada. Mas, além disso, muitos não se dão mais ao trabalho de ver o amistoso do Brasil com o combinado de Dubai ou de reclamar do treinador da Seleção.

Será que o futebol está ficando chato? Ou eu que estou ficando cada vez mais fanático pelo meu time?

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Remake da vida real

Parece notícia velha. E é. É, porque todo mundo sabe que verão forte e calor escaldante resultam em chuvas torrenciais, deslizamentos, mortes e cidades isoladas. Infelizmente todo mundo sabe, mas muitos não querem saber ou fingem nada saber. O que acontece na Região Serrana do Rio de Janeiro é um "remake" do que aconteceu na região de Angra dos Reis no ano passado e que vai acontecer, infelizmente, em algum outro ponto do estado no ano que vem. Não precisa ser tarólogo, numerólogo ou vidente para prever isso. Afinal, muito pouco ou nada é feito para evitar tais tragédias. Conta-se nos dedos as cidades brasileiras que efetivamente tenham um planejamento urbano. Não em teoria, porque todas elas devem ter. E sim na prática.

Tem também a questão da política habitacional. No ano passado, o Ministério das Cidades revelou que o déficit habitacional no país em 2008 era de 5,8 milhões de domicílios e que 82% deste déficit está concentrado em áreas urbanas, segundo estudo da Fundação João Pinheiro. Cenário ideal para o crescimento desordenado de qualquer cidade. Quem passa pela Rio-Bahia na altura de Teresópolis, ou pela estrada União-Indústria, em Itaipava, ambas na serra fluminense, sabe o que é isso. Há 15 anos, existiam poucas construções nas encostas. Hoje, as margens dessas duas estradas estão repletas de construções precárias, sem qualquer planejamento, urbanização ou ordenamento por parte do poder público.

E logo colocam a culpa no sujeito que foi morar lá. Só que muitas dessas ocupações, seja na serra ou nas metrópoles como Rio e São paulo, segundo denúncias dos próprios moradores, são motivadas por políticos. Eles fornecem material de construção já pensando no troco em forma de voto na próxima eleição. Aí, temos de ouvir do prefeito de São Paulo que a população sabe do perigo de morar lá. Ou ouvir de muitas pessoas, no frescor de seu apartamento com ar-condicionado, dizer que favelado gosta de morar no morro para não gastar muito, não pagar IPTU, ficar perto do trabalho, ter vista para a praia, entre outras baboseiras.

Alguém realmente em sã consciência acha que o cara fica em um barraco pronto para cair porque gosta? Vamos focar no Rio. O salário-mínimo hoje no Estado é de R$ 581,11. Vamos supor que o cara ganhe R$ 1 mil líquido por mês. Na Cidade Maravilhosa, não se aluga um imóvel de dois quartos e sala por menos de R$ 500 com muita facilidade. Procurando, pode-se achar em bairros distantes da Zona Oeste, como campo Grande e Bangu, de onde se leva, em condições normais, duas horas para ir ao Centro. Quer dizer, sobra R$ 500 para o cara comer, pagar luz, água é gás, se vestir, ir para o trabalho etc. Ou seja, as pessoas pagam R$ 600, R$ 700 ou R$ 1 mil por mês de salário e querem que seus funcionários morem no "asfalto" de uma das cidades mais caras do mundo para se morar.

Mas aí dizem: por que não mora lá longe? Sim, é fácil criar esse Appartheid imobiliário. Joga-se as classes D e E lá para Sepetiba – nada contra Sepetiba pois passei bons momentos da infância por lá. Mas, depois, os mesmos que reclamam se queixam que o funcionário que mora lá não tem, produtividade boa, chega atrasado, gasta muito com passagem, etc etc etc. Pois bem, o cara mora a duas horas de ônibus do Rio, uma cidade onde os transportes públicos e de massa estão longe de serem exemplos e referências de bom atendimento.

Um exemplo que ilustra essas contradições tipicamente brasileiras é o próprio Censo 2010. Os primeiros dados do IBGE apontam que há atualmente no país 6,07 milhões de domicílios vagos. Ou seja, eles acabariam com o déficit habitacional calculado em 5,8 milhões. Mas por que há tantos imóveis desocupados? Tirando a parte da especulação imobiliária, fica claro que a maior parte da população brasileira que se enquadra nesse déficit não tem poder aquisitivo para comprar ou alugar uma casa ou apartamento.

O outro lado também não ajuda muito. Reportagem do jornal "Extra" em abril do ano passado, logo após as enchentes que devastaram o Grande Rio, revelou que a Prefeitura de Niterói aplicou apenas 0,01% do orçamento de 2009 na construção de casas populares, o que significava, na época, R$ 94,3 mil em recursos aplicados. Pois bem, a cidade foi uma das mais atingidas pelas chuvas de abril de 2010, com deslizamentos e mortes em diversas comunidades. E cada tragédia só aumenta a dimensão do problema. Segundo reportagem do portal Uol em julho do ano passado, as enchentes que atingiram Alagoas aumentaram em 15% o deficit habitacional do Estado.

O Governo Federal diz que a meta é liquidar com esse déficit nacional de 5,8 milhões de domicílios até 2023, com programas como o "Minha Casa, Minha Vida" e com a segunda fase do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento. Pois bem, até 2023 falta muito. E as consequências do que não foi feito lá atrás estão aí. E estarão, infelizmente, no ano que vem. Enquanto isso, São Pedro não conta com advogados para cuidar da sua defesa.


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Saga imobiliária - O começo

Domingo, eu e minha mulher começamos a saga de procurar imóvel. Quem leu essa primeira frase já deve ter levado a mão à cabeça e soltado: "Putz, procurar apartamento é uma merda". E é mesmo. Seja para alugar ou para comprar, é uma saga chata e cansativa. Quem aluga sofre mais, pois as imobiliárias e os corretores, em geral, parecem odiar locações. Mas é justamente o corretor a espécie de figura central deste processo. Ele tem o estranho poder de minimizar as agruras da caça ao imóvel ideal, ou levá-las a níveis enlouquecedores.

Mas seria uma injustiça falar que todo corretor é igual e mala. É preciso classificá-los e distingui-los, o que já se torna uma grande ajuda para o comprador ter ideia do que vai enfrentar. O tipo mais comum é o corretor amigo. Você falou com a pessoa uma vez na vida pelo telefone e ela já te liga na segunda vez como se fossem velhos conhecidos. Quando te encontra na hora de ver o apartamento, é só sorrisos e só falta te dar um abraço efusivo.

Este tipo de corretor geralmente absorve também a figura do corretor Poliana. É aquele cara que acha que tudo vai ficar melhor, que tudo tem jeito. O apartamento está lá, caindo aos pedaços, piso detonado, infiltração no teto e cozinha com azulejos azuis, amarelos e rosas, mas fica falando com as paredes: "que imóvel bom", como quisesse convencer a si mesmo. Fala que a localização é excepcional, apesar de estar a quatro quarteirões da padaria mais próxima, a 1 km do ponto de ônibus e a rua em questão ser rota de fuga de traficantes. Depois insiste que é um ótimo negócio e que uma obrinha vai deixar o apartamento a sua cara. "Você vai gastar no máximo uns R$ 5 mil e veja pelo lado bom: vai ficar do seu jeito".

Aliás, quando o corretor disser, ainda pelo telefone, que o imóvel precisa de modernização, prepare-se para encarar um cenário estarrecedor de Haiti pós-terremoto. Modernização no vocabulário dos corretores é sinônimo de apartamento semi-destruído. Daqueles que você vai ter de fazer muita coisa além de pintar: quebrar banheiro, colocar piso novo, refazer parte hidráulica e elétrica são algumas dessas "modernizações" que terão de ser feitas. E aí, já sabe. Obra é outra saga que nunca termina nas duas semanas prometidas pelo pedreiro.

Por falar em obra, há também o corretor-engenheiro-mestre-de-obras. Fala de tintas especiais que tapeiam possíveis irregularidades da parede, em artimanhas para disfarçar aquele piso que precisa ser mudado e outras engenhocas que dão aquela maquilada no imóvel logo de cara sem precisar gastar muito. O sujeito ainda está fazendo contas e verificando se vale a pena comprar e vem o corretor sugerir obras! E ora, se é tão barato, por que raios não sugeriu ao atual proprietário em vez de mostrar um imóvel com defeitos visíveis?

Sem esquecer o corretor-detonador. É aquele cara que faz questão de jogar sua pretensão de sair do aluguel no limbo. Diz que é muito difícil arranjar imóvel na faixa de preço que você almeja, que conseguir apartamento bom está complicado ou que o seu financiamento e o banco que você usa são um problema. Tenta te empurrar um apartamento de 10 m² por estar "mais dentro da sua realidade" ou então sugere um imóvel na zona rural de Sepetiba, dizendo que lá tem condução fácil.

Estes foram alguns dos tipos que enfrentamos no último e ensolarado domingo. É claro que é cansativo, mas não deixa de ser divertido ver diferentes tipos de imóveis e trocar ideia com os mais diferentes corretores. E sem a ilusão de que encontrar o apê ideal é algo rápido, este deverá ser o primeiro de muitos posts sobre o tema. A saga só começou.

Se você tem algum "causo" ou história interessante sobre procura por imóveis e sobre corretores, relate-a no espaço de comentários!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Vamos passar a sacolinha

A cena é clássica. O sujeito vai à farmácia, compra uma cartela com quatro comprimidos para dor de cabeça e se dirige ao caixa. Imediatamente, a funcionária do estabelecimento saca uma sacola plástica e coloca o remédio lá dentro. O assunto das sacolas plásticas, obviamente, perdeu a ênfase na mídia de quase seis meses atrás. Pontuo em seis meses porque em julho do ano passado entrou em vigor no Rio de Janeiro a lei das sacolas*. O burburinho em torno do tema, contudo, se esvaziou.

A prática no início deste post é só para dimensionar o uso desenfreado desta praga chamada sacola plástica, que vai além dos supermercados. Certos estabelecimentos "distribuem" mais sacos proporcionalmente que as grandes redes varejistas. Drogarias, papelarias e até lojas de material de construção costumam enfiar objetos miúdos no primeiro plástico que aparece. Não estou taxando esses ramos de comércio como os vilões do meio ambiente, tampouco minimizando a responsabilidade dos supermercados – até porque estudos de 2008 revelam que eles respondiam pela distribuição de 1 bilhão de sacos plásticos por mês só no Brasil.

Mas é uma questão cultural e de hábito. Não vamos eliminar o saco plástico de uma hora para a outra das nossas vidas. Sou do tempo em que o mercado tinha um embrulhador em cada caixa e eles colocavam as nossas compras em sacolas de papelão. Sem dúvida, o plástico ofereceu praticidade desde então. Mas também se transformou em uma ameaça a mais ao meio ambiente em tempos de aquecimento global, rios e mares poluídos, qualidade do ar abaixo do recomendável em grandes cidades e mudanças climáticas drásticas.

É difícil abrir mão da praticidade do plástico. Confesso que esqueço muitas vezes as sacolas de pano ou as chamadas ecobags em casa. Mas um saco é dispensável se a compra se resumir a uma caixa de leite longa vida e dois sabonetes. Uma cartela ou mesmo uma caixa de comprimidos podem caber no bolso da calça ou na bolsa. Um par de canetas e uma borracha também. As sacolinhas que acompanham essas miudezas não são práticas e dificilmente utilizadas depois.

E a prova que é possível mudar culturas e hábitos é a campanha "Saco é um Saco", do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Segundo o próprio ministério, a partir de estimativas de três grandes redes varejistas do país, a ação evitou o consumo de 5 bilhões de sacolas plásticas nos últimos 18 meses. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) até anunciou metas de redução de 30% das sacolas plásticas nos estabelecimentos em todo o País até 2013, e de 40% até 2014, o que pode significar menos 14 bilhões de unidades de sacos plásticos.

Felizmente, há vários defensores, organizações, publicações, sites e blogs que não deixam o assunto esmorecer. E não ficarei aqui com lição de moral para falar os males do plástico ao meio ambiente, pois acredito que muita gente já saiba de cor que o plástico pode levar quase quatro séculos para se decompor, que entope bueiros, que suja rios etc etc etc. Mas indico boas leituras de especialistas no assunto, como o blog Atitude Sustentável (http://atitudesustentavel.uol.com.br/). Tem também o Planeta Sustentável, com uma interessante lista com 10 motivos para não usar sacolas plásticas: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/redacao/10-motivos-recusar-sacolinhas-258377_post.shtml. E no http://portaldovoluntario.org.br/documents/0000/0233/cartaz_saco_dicas.pdf do Governo Federal, tem dicas interessantes sobre como substituir o uso dos sacos plásticos, inclusive para acomodar o lixo seco.

* A Lei das Sacolas Plásticas no Rio prevê descontos para quem optar por não usar sacolas plásticas. A cada cinco itens, o cliente tem direito a um desconto de R$ 0,03 do valor total da compra caso não utilize a sacola plástica. E quem devolver 50 sacolas plásticas terá direito a um quilo de arroz ou um quilo de feijão. Os estabelecimentos que não se cumprirem as normas poderão receber multas de R$ 200 a R$ 20 mil.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Libertem os desaparecidos

Chega a ser caricato como o assunto dos "desaparecidos" da ditadura é encarado de forma espinhosa por setores da sociedade brasileira, em especial pelos militares. Passados mais de 45 anos do Golpe Militar de 1964, todos ficam cheios de dedos para abordar o tema. Os generais querem passar logo uma borracha nesse assunto e as lideranças civis agem com cautela para não incomodarem os militares. Mas incomodar a quem, afinal? Os torturadores e assassinos se valem justamente desse escudo que as Forças Armadas indiretamente criaram, ao rotular qualquer pesquisa ou divulgação sobre os "desaparecidos" como "revanchismo". Não se trata de revanchismo, vingança, troco ou qualquer outra palavra que queira insinuar represália. É uma página da história do país que tem de ser escrita corretamente para que qualquer sentimento de revanche se esvaia. Além de ser um direito inquestionável dos familiares dos mortos, a verdade é a única via para tentar vencer os fantasmas do passado.

É a forma de fechar as tais cicatrizes abertas do passado. Recorro a este termo porque assisti recentemente a "Domingo Sangrento". O telefilme retrata o dia em que as tropas britânicas abriram fogo e promoveram uma verdadeira execução de manifestantes pelos direitos civis na Irlanda do Norte, em 1972 – foram 14 mortos. O mais interessante é que a produção foi idealizada justamente por dois britânicos, entre eles o diretor Paul Greengrass. Interessante porque os britânicos por anos tentaram e se esforçaram para esquecer do assunto. Mas os irlandeses sempre o lembram. A iniciativa dos britânicos não deixa de ser um passo exemplar para fechar as tais cicatrizes. Mais emblemático ainda, porém, foi, em junho do ano passado, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, após novo relatório sobre o Domingo Sangrento, admitir o erro do governo e pedir desculpas publicamente pelo incidente.

Uma postura elogiável do chefe de estado e que deveria ser exemplar. Reconhecer o erro e pedir desculpas vai trazer os 14 mortos de Belfast de volta? Claro que não. Mas é um gesto que pode evitar episódios iguais no futuro, que pode mostrar a importância da tolerância e que pode minimizar a angústia dos familiares das vítimas. Já que seguimos tantos exemplos de nações desenvolvidas... Reportagem da "Folha", inclusive, diz que a nova presidente Dilma Roussef deve pedir desculpas pelas atrocidades cometidas durante a repressão militar. O que não deixa de ser inusitado, já que Dilma foi uma das que sofreu na pele a repressão. Mas é preciso ir além. Abrir os arquivos e contar a verdade, como pede a ação da seção Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ): "Campanha pela Memória e pela Verdade".

Enquanto isso, o general José Elito de Carvalho Siqueira, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), levou um puxão de orelha da presidente após afirmar recentemente que é preciso esquecer o passado e olhar para a frente ao abordar o tema dos "desaparecidos". Só que com as cicatrizes abertas no passado, não é possível seguir em frente general. A história (dos outros países) já nos ensinou isso.

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