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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Saga imobiliária - O começo

Domingo, eu e minha mulher começamos a saga de procurar imóvel. Quem leu essa primeira frase já deve ter levado a mão à cabeça e soltado: "Putz, procurar apartamento é uma merda". E é mesmo. Seja para alugar ou para comprar, é uma saga chata e cansativa. Quem aluga sofre mais, pois as imobiliárias e os corretores, em geral, parecem odiar locações. Mas é justamente o corretor a espécie de figura central deste processo. Ele tem o estranho poder de minimizar as agruras da caça ao imóvel ideal, ou levá-las a níveis enlouquecedores.

Mas seria uma injustiça falar que todo corretor é igual e mala. É preciso classificá-los e distingui-los, o que já se torna uma grande ajuda para o comprador ter ideia do que vai enfrentar. O tipo mais comum é o corretor amigo. Você falou com a pessoa uma vez na vida pelo telefone e ela já te liga na segunda vez como se fossem velhos conhecidos. Quando te encontra na hora de ver o apartamento, é só sorrisos e só falta te dar um abraço efusivo.

Este tipo de corretor geralmente absorve também a figura do corretor Poliana. É aquele cara que acha que tudo vai ficar melhor, que tudo tem jeito. O apartamento está lá, caindo aos pedaços, piso detonado, infiltração no teto e cozinha com azulejos azuis, amarelos e rosas, mas fica falando com as paredes: "que imóvel bom", como quisesse convencer a si mesmo. Fala que a localização é excepcional, apesar de estar a quatro quarteirões da padaria mais próxima, a 1 km do ponto de ônibus e a rua em questão ser rota de fuga de traficantes. Depois insiste que é um ótimo negócio e que uma obrinha vai deixar o apartamento a sua cara. "Você vai gastar no máximo uns R$ 5 mil e veja pelo lado bom: vai ficar do seu jeito".

Aliás, quando o corretor disser, ainda pelo telefone, que o imóvel precisa de modernização, prepare-se para encarar um cenário estarrecedor de Haiti pós-terremoto. Modernização no vocabulário dos corretores é sinônimo de apartamento semi-destruído. Daqueles que você vai ter de fazer muita coisa além de pintar: quebrar banheiro, colocar piso novo, refazer parte hidráulica e elétrica são algumas dessas "modernizações" que terão de ser feitas. E aí, já sabe. Obra é outra saga que nunca termina nas duas semanas prometidas pelo pedreiro.

Por falar em obra, há também o corretor-engenheiro-mestre-de-obras. Fala de tintas especiais que tapeiam possíveis irregularidades da parede, em artimanhas para disfarçar aquele piso que precisa ser mudado e outras engenhocas que dão aquela maquilada no imóvel logo de cara sem precisar gastar muito. O sujeito ainda está fazendo contas e verificando se vale a pena comprar e vem o corretor sugerir obras! E ora, se é tão barato, por que raios não sugeriu ao atual proprietário em vez de mostrar um imóvel com defeitos visíveis?

Sem esquecer o corretor-detonador. É aquele cara que faz questão de jogar sua pretensão de sair do aluguel no limbo. Diz que é muito difícil arranjar imóvel na faixa de preço que você almeja, que conseguir apartamento bom está complicado ou que o seu financiamento e o banco que você usa são um problema. Tenta te empurrar um apartamento de 10 m² por estar "mais dentro da sua realidade" ou então sugere um imóvel na zona rural de Sepetiba, dizendo que lá tem condução fácil.

Estes foram alguns dos tipos que enfrentamos no último e ensolarado domingo. É claro que é cansativo, mas não deixa de ser divertido ver diferentes tipos de imóveis e trocar ideia com os mais diferentes corretores. E sem a ilusão de que encontrar o apê ideal é algo rápido, este deverá ser o primeiro de muitos posts sobre o tema. A saga só começou.

Se você tem algum "causo" ou história interessante sobre procura por imóveis e sobre corretores, relate-a no espaço de comentários!

Um comentário:

  1. Sensacional! Vale lembrar a frase que os corretores adotaram como mantra "Agora, com as UPPs, não tem mais perigo" (frase para justificar vista de todos os cômodos para a comunidade)

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