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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Vamos passar a sacolinha

A cena é clássica. O sujeito vai à farmácia, compra uma cartela com quatro comprimidos para dor de cabeça e se dirige ao caixa. Imediatamente, a funcionária do estabelecimento saca uma sacola plástica e coloca o remédio lá dentro. O assunto das sacolas plásticas, obviamente, perdeu a ênfase na mídia de quase seis meses atrás. Pontuo em seis meses porque em julho do ano passado entrou em vigor no Rio de Janeiro a lei das sacolas*. O burburinho em torno do tema, contudo, se esvaziou.

A prática no início deste post é só para dimensionar o uso desenfreado desta praga chamada sacola plástica, que vai além dos supermercados. Certos estabelecimentos "distribuem" mais sacos proporcionalmente que as grandes redes varejistas. Drogarias, papelarias e até lojas de material de construção costumam enfiar objetos miúdos no primeiro plástico que aparece. Não estou taxando esses ramos de comércio como os vilões do meio ambiente, tampouco minimizando a responsabilidade dos supermercados – até porque estudos de 2008 revelam que eles respondiam pela distribuição de 1 bilhão de sacos plásticos por mês só no Brasil.

Mas é uma questão cultural e de hábito. Não vamos eliminar o saco plástico de uma hora para a outra das nossas vidas. Sou do tempo em que o mercado tinha um embrulhador em cada caixa e eles colocavam as nossas compras em sacolas de papelão. Sem dúvida, o plástico ofereceu praticidade desde então. Mas também se transformou em uma ameaça a mais ao meio ambiente em tempos de aquecimento global, rios e mares poluídos, qualidade do ar abaixo do recomendável em grandes cidades e mudanças climáticas drásticas.

É difícil abrir mão da praticidade do plástico. Confesso que esqueço muitas vezes as sacolas de pano ou as chamadas ecobags em casa. Mas um saco é dispensável se a compra se resumir a uma caixa de leite longa vida e dois sabonetes. Uma cartela ou mesmo uma caixa de comprimidos podem caber no bolso da calça ou na bolsa. Um par de canetas e uma borracha também. As sacolinhas que acompanham essas miudezas não são práticas e dificilmente utilizadas depois.

E a prova que é possível mudar culturas e hábitos é a campanha "Saco é um Saco", do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Segundo o próprio ministério, a partir de estimativas de três grandes redes varejistas do país, a ação evitou o consumo de 5 bilhões de sacolas plásticas nos últimos 18 meses. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) até anunciou metas de redução de 30% das sacolas plásticas nos estabelecimentos em todo o País até 2013, e de 40% até 2014, o que pode significar menos 14 bilhões de unidades de sacos plásticos.

Felizmente, há vários defensores, organizações, publicações, sites e blogs que não deixam o assunto esmorecer. E não ficarei aqui com lição de moral para falar os males do plástico ao meio ambiente, pois acredito que muita gente já saiba de cor que o plástico pode levar quase quatro séculos para se decompor, que entope bueiros, que suja rios etc etc etc. Mas indico boas leituras de especialistas no assunto, como o blog Atitude Sustentável (http://atitudesustentavel.uol.com.br/). Tem também o Planeta Sustentável, com uma interessante lista com 10 motivos para não usar sacolas plásticas: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/redacao/10-motivos-recusar-sacolinhas-258377_post.shtml. E no http://portaldovoluntario.org.br/documents/0000/0233/cartaz_saco_dicas.pdf do Governo Federal, tem dicas interessantes sobre como substituir o uso dos sacos plásticos, inclusive para acomodar o lixo seco.

* A Lei das Sacolas Plásticas no Rio prevê descontos para quem optar por não usar sacolas plásticas. A cada cinco itens, o cliente tem direito a um desconto de R$ 0,03 do valor total da compra caso não utilize a sacola plástica. E quem devolver 50 sacolas plásticas terá direito a um quilo de arroz ou um quilo de feijão. Os estabelecimentos que não se cumprirem as normas poderão receber multas de R$ 200 a R$ 20 mil.

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