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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Quem está à deriva...

Deixa ver se eu entendi. A companhia que administrava o serviço de barcas no Rio de Janeiro foi privatizada no fim dos anos 90 na onda neoliberal da tucanada. A receita de bolo da justificativa era melhorar o serviço e desonerar o Estado que, teoricamente, tem a obrigação de oferecer transporte, saneamento, educação, saúde, entre outras coisas, aos cidadãos. Não cabe aqui nem entrar no mérito da qualidade das Barcas S/A desde sua privatização (que os políticos adoram camuflar com o termo concessão), pois é notório o lixo de serviço que eles prestam à população.

O que eu quero entender é por que raios o Estado continua derramando dinheiro na Barcas S/A se ela foi privatizada justamente para o dinheiro dos contribuintes ser investido em outras áreas? Isso mesmo, o Governo do Estado ajuda a Barcas S/A privatizada: por contrato, terá de comprar novas embarcações e reformar os terminais da Praça 15 e da Praça do Arariboia.

As autoridades públicas fazem vista grossa para o mal serviço e descaso das Barcas S/A, não aplica multas, não cassa a concessão e ainda por cima tem de fazer investimento para a empresa. E, mesmo assim, a incompetente Barcas S/A, aquela que presta um serviço porco e trata os usuários como gado, consegue ter uma dívida de R$ 89 milhões, segundo reportagem do jornal O Globo do dia 5 de abril (veja aqui). Detalhe: a Barcas S/A tem a tarifa mais rentável do país (se bobear, do universo). Cobrava R$ 2,80 até bem pouco tempo atrás e agora cobra R$ 4,50 para maltratar o usuário.

Além da vista grossa do Governo, que não aplica multa contra a Barcas S/A, tampouco tem peito para cassar sua concessão, essa tarifa de R$ 4,50 é subsidiada sabem por quem? Duas mariolas para quem pensou no Governo do Estado. Quer dizer, quem paga o aumento de passagem de uma empresa privatizada de quinta categoria é o contribuinte. E quem tem a infelicidade de precisar usar os serviços péssimos da Barcas S/A paga, então, duas vezes!

Na época do aumento, algum secretário engravatado comentou que o reajuste era necessário para evitar a quebra da Barcas S/A. Então, vamos entender: o contribuinte que não tem colégio para o filho, espera três dias para ser atendido em um hospital público, fica horas na fila de bancos, barcas, ônibus, da Supervia e do Metrô Rio, paga um dos impostos mais caros do mundo, tem, ainda, de arcar com a incompetência de uma empresa como a Barcas S/A, que não sabe gerir um serviço essencial e que maltrata esse mesmo contribuinte...

Agora, a Barcas S/A passou a ter controle majoritário da CCR, a mesma que explora rodovias privatizadas, inclusive, a Ponte Rio-Niterói. Dizem que a Barcas S/A presta este lixo de serviço porque era controlada pela empresa de ônibus 1001. Dá para acreditar que algo vai melhorar? Ou que o Governo vai tomar alguma atitude?

Eu não entendo nada mesmo...


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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lá vem o pato


Não foi você quem causou a crise. Odeio começar qualquer texto com negativa, mas para tal assunto não (olha ele novamente) tem jeito. Não foram os trabalhadores os motivadores das turbulências econômicas que varrem a Europa, sacodem os Estados Unidos e respingam nas tais nações emergentes. Os caras que batem ponto todos os dias nas fábricas e empresas da Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda e Itália não têm culpa alguma. Mas são eles quem vão pagar o pato. Na velha lógica do capitalismo arcaico, a corda oportunamente só arrebenta do lado mais fraco.

Nessa ciranda da crise econômica global, os poderosos brincam de banco imobiliário com o mundo. Os governantes pedem empréstimos esquecendo que a zona do Euro só tem moeda unificada – os juros continuam “independentes” –, as autoridades gastam aos borbotões e os especuladores deslocam suas fortunas ao seu bel-prazer. Sem qualquer regulamentação ou disciplina, sem gerar qualquer riqueza, produtividade ou emprego, podem quebrar um país com um simples clique no computador.

A solução mais prática, obviamente, é adotar os tais planos de austeridade. Benefícios sociais (que são obrigação de qualquer estado democrático) são expurgados, salários são reduzidos... tudo em nome da austeridade e para garantir ao investidor – aquele mesmo que, da sua cadeira, só lucra sem gerar qualquer riqueza – que ele pode continuar investindo ali.

O raciocínio é esse: um dos geradores da crise têm de ter garantido o seu ganha-pão. Quem vai para o sacrifício é a base da pirâmide. Mas será que cortando empregos e salários se salva uma economia?

Austeridade deveriam ter os governantes e investidores mundiais. Ética, disciplina e compromisso com quem move as economias mundo afora também não seria nada mal para esta turma. Aguardemos os próximos capítulos pois a crise não começou agora. Nem vai parar amanhã.