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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Que carro eu compro?

Quem trabalha ou já trabalhou na área automotiva já ouviu esta pergunta pelo menos uma dúzia de vezes. E uma dúzia de vezes deve ter ficado reticente em dar uma resposta. Automóvel no Brasil é muito pessoal. É como dar de presente perfume ou livro. A pessoa se identifica com um carro como se fosse a extensão de sua personalidade - claro, sempre de acordo com a sua conta bancária.

Mesmo assim, o interessado questiona como se quisesse um alvará para comprar o carro que, na verdade, ele deseja. Afinal, sempre depois da pergunta que dá nome ao título deste post, o potencial cliente automotivo emenda: "Mas o que você acha de carro tal?". No fundo, ele já está de olho nesse carro tal.

A motivação principal de um comprador de carro no Brasil geralmente é o design. As pesquisas e levantamentos dos departamentos de marketing das montadoras não deixam dúvidas: o desenho do carro é o principal motivo de compra de 60% a 80% dos consumidores, índices que variam de modelo para modelo e de marca para marca.

Claro que há uma dose de racionalidade. A pessoa pode optar pela minivan "bonitinha" porque lhe oferece mais espaço, ou pode preferir aquele sedã '"jeitosinho" devido ao porta-malas vantajoso. Mas na maioria das vezes tem de ter esses adjetivos destacados que agradam mais aos olhos do que proprimente à praticidade.

E ao cobrir a área, tem de se tomar cuidado justamente com a visão do consumidor. Nem sempre o que é importante para jornalistas automotivos é o que pesa mais para o cliente que vai à revenda em busca de um carro. Por mais que se critique que o automóvel A é apertado, que o carro B usa uma plataforma defasada ou que o veículo C não tem boa estabilidade, se o consumidor gostou do carro e percebeu que ele atende às suas necessidades, vai ficar com o A, o B ou o C.

O que não significa que o jornalismo automotivo seja inútil. Pelo contrário. Ele ajuda a elucidar vários pontos da indústria automobilística e dos veículos. E tem claro poder de influência na decisão de compra - em média, as matérias estimulam cerca de 30% dos clientes que vão à concessionária. Mas mesmo que a reportagem "descasque" um carro, um único elogio que apareça vai funcionar como aval para o leitor comprar o carro que ele acredita que atende aos seus anseios. Por mais que a gente diga que há outras opções "melhores".

2 comentários:

  1. Essa é a pior pergunta que existe. Carro é muito pessoal, como você mesmo disse. Para dar um conselho 'certeiro' seria preciso estudar a pessoa e seus hábitos a fundo. O resultado é quase sempre o jornalista se esquivando do veredicto.

    A última vez que arrisquei um palpite a pessoa depois veio reclamar que o motor do carro era barulhento e que vai vendê-lo quando acabar de pagar. Como eu ia adivinhar que uns ruídos (de certa forma até comuns) dentro da cabine iam fazer a imagem negativa do carro como um todo?

    Abs!

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  2. Manolo, parei de responder essa merda de pergunta. Você vai, fala que o carro X não é aquilo que a pessoa está vendo e ela vai lá compra e depois vem reclamar. Brasileiro é totalmente passional na compra do carro dentro da sua possibilidade bancária. E isso me mata.

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